Gênese da ditadura – Golpe dos empresários


“Descobri que a minha arma é o que a memória guarda dos tempos da Panair”

CNV_Starling_Genese_ditadura

Grata pelas informações >>  @baraodiario e @Jprcampos

CNV -Heloisa Starling  inicia sua palestra fazendo referência ao livro de René Dreyffuss 

1964 – A Conquista do Estado (1981 Ed. Vozes)

Comenta:

“Em 19/03/1964 acontece a primeira Marcha da Família com Deus pela Liberdade que teria entre 500 e 800 mil pessoas (há discordância entre os historiadores) e ocorre >> em São Paulo como uma resposta ao Comício da Central do Brasil no >> Rio de Janeiro.

Entre 19/03 e 08/06 ocorreram 50 marchas, sendo que aconteciam simultaneamente em cidades tão diferentes como Londrina, Campos, Barbacena, Niterói, São Carlos, em outro momento em Dois Córregos, Periqui, (outra que não consegui entender), e também nas capitais: Goiânia, Belo Horizonte, Maceió, Rio de Janeiro, Recife, Brasília e Teresina.”

Em maio de 1959 foi criado o IBAD – Instituto Brasileiro de Ação Democrática  – organização anticomunista por Ivan Hasslocher  ( e aqui comenta sobre PC Farias), que também criou a agência de propaganda Incrementadora de Vendas Promotion  e o ADEP para compartilhar do governo político e moldar a opinião pública. Comprou vários deputados:

“…selecionou e apoiou cerca de 250 candidatos a deputado federal, 600 deputados estaduais, 8 candidatos a governadores e inúmeros candidatos ao senado. Um candidato federal recebia CR$ 1 milhão e 600 mil, um deputado estadual CR$ 800 mil. O grupo ADEP/IBADE/Promotion gastou 1 bilhão e 40 milhões de cruzeiros, nos 150 dias que antecederam as eleições de 1962. Consta no livro de Eloy Dutra que o dinheiro vinha do The Royal Bank of Canadá, e a Promotion tinha conta no Bank of Boston e no The National City Bank of New York.”

Livro: ”IBAD – A Sigla da Corrupção de Eloy Dutra (PTB)

Em 29/11/1961 fundam o IPES – Instituto de Pesquisas e Estudos Sociaisbraço da CIA – dirigido por Golbery do Couto e Silva. Foi extinto por ordem judicial em 1963. Fundadores do IPES: Augusto Trajano de Azevedo Antunes (ligado à COEMI), Antonio Gallotti (ligado à Light).

IPES teve de capital inicial U$500 mil (EUA) financiava para instalar o capitalismo através de uma ditadura militar. Também recebia doações de entidades filantrópicas de senhoras cristãs de orientação conservadora que colaboravam com dinheiro em espécie, jóias e trabalho voluntário.

Alguns dos empresários que faziam parte de ambas:

Glycon de Paiva, Paulo Ayres Filho, Gilbert Huber Jr.

IPES/IBAD estimularam a formação de organizações de grupos paramilitares de direita.

1962 – ADELA Atlantic Community Development Group for  Latin America – grupo bilionário encabeçado por Rockefeller e Fiat. Reunia cerca de 240 companhias industriais e bancárias.

Rockefeller veio ao Brasil, pela primeira vez em 1948 …conheceu Walter Moreira Salles. (Deve ter sido por acaso!!) Hoje a filha de Rockefeller, Peggy que fala português fluente e participa de uma ONG numa favela do Rio de Janeiro.

Vejam o cinismo, desta criatura na entrevista concedida à VEJA em 25/11/2006. A propósito ele tem uma fazenda de agricultura orgânica, porém … Monsato para todos!

  Gênese da Ditadura – 1964 entidades de classe e líderes empresariais, caracterizando que o golpe não foi apenas militar mas Civil-empresarial.

A política econômica do governo do General Castelo Branco pautou-se por um programa favorável aos interesses empresariais, desde que associados os investidores internacionais.

  • Arrocho econômico para conter a procura
  • Lei de greve – para sinalizar um panorama favorável aos investidores
  • Incentivo às exportações por meio da desvalorização do cruzeiro em relação ao dólar
  • Estímulo ao capital de risco para atrair os investidores internacionais

Ministro Roberto Campos: “somente um presidente eleito por via indireta teria condição de levar a cabo um programa econômico e financeiro” – que ele e seus comparsas pretendiam para o país.

O projeto de reorganização do estado, que foi imposta pelo golpe-civil-militar de 64, construiu a estrutura de sustentação deste regime, a partir de cinco grandes blocos:

  • Arcabouço jurídico
  • Poder econômico
  • Campanhas de propaganda política e de legitimação
  • Aparato de repressão policial e militar
  • Censura

Starling: “Alguns nomes que participaram, diretamente, da fase conspiratória e da elaboração de um projeto de reorganização do Estado, sublinhando a face civil do Golpe de 64. Esta é uma lista muito pequena dos que participaram da Gênese da ditadura”. –

  • Centro das Indústrias do Estado de São Paulo
  • Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
  • Associação Comercial do Estado de São Paulo
  • Conselho das Classes Produtoras
  • Clube de Lojistas do Rio de Janeiro
  • Associação Comercial do Rio de Janeiro
  • Serviço Social d Indústria

Empresários:

  • Augusto Trajano Azevedo Antunes > >>>KM – Cia Auxiliar de Empresas de Mineração e associado à Hannah Corporation (Minas Águas Claras) apoiada por Bulhões e Roberto Campos.
  • Celso Mello Azevedo > >>> Centrais Elétricas de MG
  • Álvaro Borges > >>>  Moinhos Rio Grandenses
  • Harry (… ) >>>>  Grupo Gerdau ( eu pesquisei mas não encontrei referência, somente os três irmãos Germano, Klaus e Jorge Gerdau. A empresa cresceu muito no período pré e pós golpe, encampando outras Brasil afora, a exemplo de Rockefeller, JPMorgan, Carnegie e outros nos EUA).
  • Henrique de Botton e Hélio Beltrão >>> > Grupo Mesbla, faliu em 1999 deixando dívidas – pai da jornalista Maria Beltrão da Globo News. Ele foi Ministro do Planejamento de Costa e Silva em 1967; foi um dos signatários do AI-5 em 1968; presidente da Petrobrás em 1985/86, (Gov. Sarney) e se tornou acionista do Grupo Ultra de Ernesto Igel, austríaco, a mesma empresa em que Boilesen era presidente.
  • Felipe Arno >>>> Arno Indústria e Comércio
  • Boilesen  >>>>> Ultragaz de Ernesto Igel que hoje tem como acionista-herdeiro Helio Beltrão Filho.
  • Otávio Gouveia Bulhões >>>>> Hannah Corporation foi Ministro da Fazenda após o golpe, passou a fazer parte do conselho editorial da Revista Visão, que havia passado para as mãos de Said Farah por ordem dos ditadores. Dez anos depois Said se tornaria o Secretário das Comunicações do presidente Figueiredo. Já Otávio G. de Bulhões tinha as costas quentes com a USAID  (mais ou menos a apartir do 64º parágrafo) que fazia o meio de campo para favorecê-lo  – homem acima de qualquer suspeita – num dos grandes escândalos deste país.
  • Salim Chamma >>>> Grupo Chamma

 

  • Jonas Barcelos Correia >>>>> Banco Real de Crédito de Minas Gerais

 

  • Otávio Marcondes Ferraz >>>> Rhodia, Valisére, Carbono Lorena

 

  • Paulo Ferraz >>>> Estaleiro Mauá

 

  • Otávio Frias >>>> Folha de São Paulo

 

  • Antonio Gallotti >>>> Light e Brascam

 

  • Flávio Galvão >>>> Jornal Estado de São Paulo

 

  • Paulo Galvão >>>  Banco Mercantil de São Paulo

 

  • Antonio Mourão Guimarães >>>> Magnesita

 

  • Lucas Garcez >>>> Eternit do Brasil – amianto e cimento

 

  • Gilberto Hubert >>>> Listas Telefônicas Brasileiras

 

  • Israel Klabin >>>> indústria Klabin – celulose

 

  • José Lins Magalhães Lins >>>> Banco Nacional de Minas Gerais

 

  • Mario Ludolf  >>>> Cerâmica Brasileira

 

  • Mário Henrique Simonsen >>>> Banco Bozzano Simonsen

 

  • Haroldo Junqueira >>>> Açúcar União

 

  • Cândido Guinle de Paula Machado >>>> Docas de Santos e Banco Boa Vista

 

  • José Hermínio de Morais >>>> Grupo Votorantim

 

  • Luiz Villares >>>> Aços Villares

 

 

Heloisa Starling diz: que ainda permanecem uma desconcertante ausência de pesquisa e um incômodo silêncio, que precisam ser vistos, com relação ao papel dos empresários na Gênese da ditadura:

  1. 1.      Apoio, participação e financiamento da uma estrutura repressiva, que era muito ampla, destinada a materializar o poder de estado e a funcionar como ferramenta de salvaguarda do poder. Desses empresários que estavam na Gênese do golpe, quais continuaram a sustentar a estrutura de repressão do Estado? Em outras palavras, falta revelar ao Brasil, na luz do dia, o nome das lideranças e dos grupos empresariais que participaram da construção de uma ditadura que definiu a tortura como política de Estado.
  2. 2.      Como foram as complexas relações que se estabeleceram, no regime de conivência, entre militares e empresários, e que compôs a lista dos grandes escândalos de ladroagem da ditadura. Falta explicar o que ocorreu, por exemplo, entre vários outros episódios que ficaram célebres, como o escândalo do Instituto Brasileiro do Café, Caso Delfim, projeto Jari, construção da ponte Rio-Niteroi, construção da Transamazônica, Operação CAPEMI…
  3. 3.      O que aconteceu com os empresários, que sob diferentes aspectos, ficaram de fora do projeto de reorganização do novo Estado. As razões foram muitas. Alguns empresários ficaram de fora, porque não conseguiram se adequar aos parâmetros para as reformas econômicas que foram implantadas neste país, entre 1964-67 – neste plano de ação econômica do governo, plano esse que foi particularmente perverso para o empresariado brasileiro, porque permitiu que companhias multinacionais utilizassem suas subsidiárias no Brasil comprassem a preço de banana as empresas brasileiras estranguladas pelas restrições de crédito que foram impostas pelo governo.

Outras ficaram de fora por conseqüência da clara assimetria de poder entre empresas brasileiras e estímulo do capital externo. Mas nós vamos contar nos dedos, porém, os empresários que foram escorraçados porque não se reconheceram na Gênese da ditadura militar ou com ela não desejaram se identificar. 

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2 respostas para Gênese da ditadura – Golpe dos empresários

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