o Porto de Mariel, Brasil, Cuba e o socialismo

Tem sido extremamente educativo registrar, aqui em Havana, a reação do povo cubano diante da inauguração do Porto de Mariel. Expressando um elevado nível cultural, uma mirada política aprofundada sobre os fenômenos destes tempos, especialmente sobre a Reunião de Cúpula da Celac que se realiza por estes dias aqui na Ilha, tendo como meta central, a redução da pobreza, os cubanos revelam, nestas análises feitas com desembaraço e naturalidade, todo o esforço de 55 anos da Revolução Cubana feita na educação e na cultura deste povo.

Mariel, uma bofetada no bloqueio

Poderia citar muitas frases que colhi ao acaso, conversando com os mais diversos segmentos sociais, faixas etárias distintas, etc, mas, uma delas, merece ser difundida amplamente. O marinheiro aposentado Jorge Luis, que já esteve nos portos de Santos e Rio de Janeiro, que vibra com o samba carioca, foi agudo na sua avaliação sobre o significado da parceria do Brasil com Cuba para  construir o Complexo Portuário de Mariel. “ Com Mariel,  Brasil rompe concretamente o bloqueio imperialista contra Cuba”, disse. E adverte: “ Jamais os imperialistas vão perdoar Lula e Dilma”. Ele não disse, mas, no contexto do diálogo com este marinheiro negro, atento ao noticiário de televisão, leitor diário de jornal, informado sobre o que ocorre no Brasil e no mundo,estava subentendido, por sua expressão facial, que ficava muito claro porque Dilma é alvo de espionagem dos EUA.

O tom da cobertura do oposicionismo impresso brasileiro, pré-pago, à inauguração do Porto de Mariel, não surpreende pela escassa informação que apresenta, muito menos pela abundante insinuação de que tratar-se-ia apenas  de um gasto sem   sentido,  indefensável, indevido. Ademais, sobram os  rançosos preconceitos de sempre, afirmando que o Brasil estaria financiando a “ditadura comunista”,  tal como este oposicionismo chegou a mencionar que seria esta a única razão para empreender um programa como o Mais Médicos, que salva vidas e que tem ampla  aprovação  da sociedade brasileira.

É necessário um jornalismo de integração

Informações objetivas sobre o significado e a transcendência do Complexo Portuário de Mariel certamente faltarão ao povo brasileiro. Primeiramente, porque o oposicionismo midiático não permitirá sua difusão, numa evidente prática de censura. E, por outro lado,nem o PT ou as forças que sustentam politicamente   o governo Dilma e estas iniciativas robustas da política externa brasileira,  com tangíveis repercussões sobre a economia brasileira, possuem uma mídia própria para esclarecer o significado de Mariel, ante um provável dilúvio de desinformações sobre a sociedade brasileira.

Primeiramente, deve-se informar que o financiamento feito pelo BNDES, algo em torno de um bilhão reais na primeira fase,não se trata de uma doação a Cuba. É um empréstimo, que será pago. As relações bilaterais Brasil-Cuba registram crescimento contínuo nos últimos anos.

Além disso, está condicionado à contratação de bens e serviços na economia brasileira, além de envolver cerca de 400 empresas,sendo, portanto, um dos fatores a mais que explicam porque há contínua expansão no mercado de trabalho brasileiro, com uma taxa de desemprego das mais baixas de sua história. Ao contrário do que ocorre, por exemplo,na Europa, onde aumenta o desemprego e há eliminação de direitos trabalhistas e sociais conquistados décadas atrás.

Dinamização das forças produtivas

Além disso, Mariel vai ser-   por enquanto , Dilma inaugurou apenas a primeira fase  –  o maior porto do Caribe, com capacidade para atracar navios  de calado superior a 18 metros, e  também , podendo movimentar mais de 1 milhão de conteiners por ano. Terá um impacto especial para o comércio marítimo também direcionado ao Pacífico, via Canal de Panamá. Para isto, vale registrar a importância da participação da China, crescente, na economia latino-americana, em especial  com o Brasil. Tanto o gigante asiático como empresas brasileiras,já manifestaram interesse em instalarem-se na Zona Econômica Especial a ser  implantada em Mariel, onde também já foi construída uma rodovia moderna, estando em construção, uma ferrovia. De alguma maneira , Havana retoma uma posição de destaque no comércio marítimo internacional,  pois já foi o maior porto da América Latina,  ponto de conexão de várias rotas, tendo sido, por isso mesmo, uma cidade com mais de 70 por cento de habitantes portugueses,  quando Portugal era um grande protagonista na marinha mercante internacional. Havana já teve, também,uma das maiores indústrias navais do mundo.

Cuba sempre impulsionou a integração

O tirocínio do marinheiro negro Jorge Luis é perfeito. Depois de suportar décadas de um bloqueio que impediu aos cubanos a compra de uma simples aspirina no maior e mais próximo mercado do mundo, os EUA, a Revolução Cubana, tendo resistido a ventos e tempestades, sobretudo às agressões imperialistas, soube preparar-se para esta nova etapa da história, simbolizada pela existência de uma Celac que vai se consolidando, pouco a pouco. Não sem enfrentar ações desestabilizadoras, lançadas contra os países mais empenhados na integração regional latino-americana, como Venezuela, Bolívia, Equador, e, também, pelas evidentes ações hostis contra Brasil e Argentina. Cuba, mesmo agredida,investiu parte de seus modestos recursos na solidariedade internacional. Seja no envio de 400 mil homens e mulheres para derrotar o exército racista da África do Sul que havia invadido Angola, como também para promover , em vários quadrantes, com o envio de professores, métodos pedagógicos, médicos e vacinas, a eliminação do analfabetismo e o salvamento generalizado de vidas. É o caso, por exemplo,do programa Mais Médicos, não por acaso tão injustamente desprezado pela oligarquia midiática, que vocaliza os laboratórios farmacêuticos multinacionais.  Como defender que salvar vidas merece desprezo?

É certo que todas as economias caribenhas e latino-americanas serão dinamizadas com a entrada em funcionamento do Porto de Mariel, gerando mais empregos, possibilitando novas opções comerciais. É emblemático que China esteja firmando um acordo estratégico de cooperação com a Celac. Para uma economia cercada de restrições, sem capacidade de investimentos,  sem engenharia nacional para fazer esta obra por conta própria,  o Porto de Mariel, é um imenso  descortinar de possibilidades para Cuba. Os gigantescos navios chineses, de uma China que consolida sua posição como a segunda potência comercial mundial, não podiam mais aportar no velho Porto de Havana, o que resultava numa limitação operacional e logística, com impactos econômicos negativos de grande monta. O Porto de Havana será readaptado para o turismo e a economia cubana, no seu conjunto, recebe, com Mariel um enorme impulso para a dinamização de suas forças produtivas. A atendente do hotel onde estou instalado me confessava hoje o interesse de ir trabalhar em Mariel, porque, segundo disse, o futuro está por ali e são empregos mais promissores.

Mariel e seus impactos internacionais

Realmente,para um economia que perdeu a parceria que tinha com a União Soviética, que resistiu durante o período especial com as adaptações inevitáveis  para salvar o essencial das conquistas da Revolução,  o que Mariel significará é de extraordinária relevância. E é exatamente na dinamização das forças produtivas da Revolução Cubana que se localizam as chaves para muitas portas que podem ser abertas para uma maior dedicação de meios , recursos e iniciativas visando a integração latino-americana. E, neste quebra-cabeças, a política estratégica implantada por Lula, continuada por Dilma  é ,inequivocamente, muito decisiva. Que outro país poderia fazer um financiamento deste porte para a construção de Mariel?

Por último, pode ser muito útil uma reflexão sobre os diversos pensadores ,formuladores e também executores de políticas de integração. Desde Marti, aquele analisou a importância da “nossa Grécia”, numa referência ao significado da civilização Inca, mas que também  formulou o conceito de Nuestra América,  até chegando ao pensamento de Getúlio Vargas, criador do BNDES, o banco estatal de fomento que está financiando a construção do Porto de Mariel, uma estupenda ferramenta integradora. Tudo converge para a abertura de uma nova avenida a dar trânsito à integração. Seja pela sabedoria dos povos da região que estão apoiando, com o seu voto,  os governos que mais impulsionam estas políticas; seja pelos avanços concretos que estas políticas integradoras têm registrados, apesar da insistência, nada profissional, do jornalismo de desintegração em reduzir tudo a zero.

Futuro socialista

A força e a necessidade histórica das ideias se vêem comprovadas nesta inauguração da primeira etapa do Porto de Mariel, em plena reunião da Celac, sem a presença de Estados Unidos e Canadá, patrocinadores históricos da desintegração entre os povos. A simbologia da justeza histórica do pensamento martiniano, nos permite afirmar, também, que José Marti é também um dos autores intelectuais de Mariel. E,retomando o otimismo realista do marinheiro Jorge Luis, constatamos que  a dinamização das forças produtivas da Revolução Cubana, que a parceria entre Cuba e Brasil possibilita, foi estampada na frase final do discurso do presidente cubano, General  Raul Castro: “Mariel e a poderosa infraestrutura que o acompanha são uma mostra concreta do otimismo e  da confiança  com que os cubamos  olham o futuro socialista e próspero da Pátria”. O marinheiro negro captou o significado essencial destes dias. Não por acaso, a Marcha das Tochas, que celebra com chamas que não se apagam, as ideias de Marti, em seu aniversário, ontem-     com mais de 500 mil manifestantes, maioria esmagadora de jovens-     teve, na  primeira fila, além de Raul, os presidentes Evo Morales, Nicolás Maduro, Pepe Mujica,  Daniel Ortega. As ideias de Marti, materializadas nestes avanços produtivos e integradores, como Mariel, vão iluminando o futuro socialista de Cuba e, com isto, da integração latino-americana.

Beto Almeida, de Havana

Membro do Diretorio da Telesur

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Dilma: Padrão de vida dos brasileiros vai ser ainda melhor em 2014

Dilma: “se alguns setores instilarem desconfiança, especialmente, desconfiança injustificada, isso é muito ruim..”

“guerra psicológica pode inibir invest e retardar iniciativa”( à Mídia Venal)

“se mergulharmos em pessimismo e ficarmos presos a disputas e interesses mesquinhos, teremos um país menor”

“sabemos que há muito, muito mesmo, ainda por fazer e muito, muito mesmo, por melhorar”

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Nióbio: a maior riqueza dos Moreira Salles, não do Brasil?

**Por que o preço do nióbio (90% do nióbio do mundo é brasileiro) é decidido em Londres e não no Brasil? 

* Royalties para o povo brasileiro, a exemplo, do Petróleo.

*Por que as universidades brasileiras não pesquisam novos  usos do nióbio, agregando valor, para exportação?

Encontrei isto sobre as pesquisas, porque o governo e empresários não se animam?  

Por que o CBMM não quer o marco regulatório?

Por que dizem que aumentar o preço do nióbio não deve ser aumentado com o argumento de que “há substitutos mais baratos’ e com isso inviabilizaria a exportação?

Leitura relacionada:

A caixa preta do Nióbio

Nióbio, metal estratégico 

Brasil Privatizado – Aloysio Biondi 

Gênese da Ditadura – Golpe dos empresários 

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Para justificar seus interesses monopolistas, o representante dos Moreira Salles chegou a declarar que o nióbio não é um metal raro. Por que então o Brasil concentra mais de 90% da exportação mundial deste mineral estratégico? A razão disso, segundo o Presidente da CBMM seria que os outros países não dispõem de tecnologia para processar com qualidade essa matéria prima. Você acredita nisso? E o mais curioso é que a empresa se orgulha de concentrar, sozinha, 80% da exportação mundial, como se monopólio agora fosse uma virtude! E ao mesmo tempo, a matéria do Estadão afirma que o Brasil concentra 98% das reservas mundiais do Nióbio. Que trapalhada hein? 

Veja na sequência: 

1. Resumo da palestra do Adriano Benayon, da última 4a. feira 

2. Matéria de hoje do Estadão bajulando a empresa monopolista 

3. Matéria de hoje do Estadão sobre a discussão no Congresso

1. NIÓBIO – PALESTRA de ADRIANO BENAYON

DE 30.10.2013 na audiência pública da Câmara dos Deputados.

As chapas de ferro-nióbio são o principal dos produtos do nióbio nas exportações brasileiras, tendo totalizado US$ 4,8 bilhões, de 1996 a 2013, i.é., somando-se todos esses dezoito anos.

Em 1996 o montante era de somente US$ 152,7 milhões.  Em 2012,  a quantidade exportada foi quatro vezes maior que então, e o preço unitário,  quase três vezes maior. Assim, o valor exportado multiplicou-se por doze, chegando a US$ 1,8 bilhão.

Além de certamente haver muita exportação não declarada, portanto, descaminho, o mercado é muito fechado, estando concentrado em poucas empresas importadoras e pouquíssimas empresas  exportadoras. São transações entre empresas dos mesmos grupos ou entre grupos associados.

O preço seria muito mais alto, se houvesse mercados abertos com algum tipo de  concorrência, o que até pode existir dentro dos países importadores, por parte de indústrias que utilizam as chapas de ferro-nióbio e o óxido de nióbio nos bens que fabricam. Mas isso não afeta os preços do comércio exterior.

A Bolsa de Metais de Londres não informa sobre negociações com o nióbio. Muitas fontes dizem que o nióbio não é negociado nessa bolsa nem em outras.

Encontrei na internet notícia recente, 6 de setembro último,  da Bolsa de Metais de Bejing (Pekim) nestes termos: “Os preços do nióbio metálico a 99,9% de pureza permanecem estáveis em 115 a 120 dólares por quilo, na Comunidade de Estados Independentes (Russia, Ucrânia e outros).

Guardei também uma cotação, de 22.02.2011, encontrada no sítio eletrônico “chemicool.com/elements/niobium”, de nióbio puro (óxido de nióbio), a US$ 18,00 por 100g, ou seja, US$ 180 por quilo.  Além disso, outra do mesmo  ano, em que a barra de nióbio era cotada a U$ 315,79/quilo.

2. Nióbio: a maior riqueza dos Moreira Salles

A produtora de nióbio CBMM é avaliada em US$ 13 bilhões, com reservas para 200 anos

04 de novembro de 2013 | 11h 37 – Esttadão

ARAXÁ (MG) – A mina de nióbio – que é misturado ao aço para uso na fabricação de automóveis, estruturas, gasodutos e turbinas – era só promessa e esperança em 1965, quando o embaixador e banqueiro Walter Moreira Salles se associou à companhia de mineração Molycorp, para produzir o metal em Araxá, no Triângulo Mineiro. Deu esse passo a convite de um amigo, o almirante Arthur Radford, que presidia o conselho da empresa americana. Tornou-se sócio majoritário, com 55% do capital e mais tarde passou a ser o único dono, ao comprar os 45% restantes.

Assim nasceu a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), hoje propriedade dos herdeiros – Fernando, Pedro , João e Walter – os quatro filhos que tocam o negócio, avaliado em US$ 13 bilhões, a maior fatia da fortuna da família. Os Moreira Salles são sócios também do Itaú Unibanco, no qual detêm 33,5% ou US$ 7,1 bilhões. O valor da CBMM é estimado com base da venda de 30% da empresa para consórcios de Japão-Coréia do Sul (15%) e China (15%), por US$ 3,9 bilhões, em 2011.

“Exploramos a mina, processamos o minério, produzimos o nióbio e criamos o mercado”, diz o presidente da CBMM, engenheiro metalúrgico Tadeu Carneiro, resumindo as 15 etapas de tecnologia avançada desenvolvida em 50 anos. Resultado: a companhia dos Moreira Salles vende hoje 80% do nióbio do mundo. No Brasil, onde estão 98% das reservas conhecidas do metal, só existe outra mineradora, a Catalão, em Goiás, da britânica Anglo-American, com produção de 8%.

A CBMM, com faturamento de R$ 4 bilhões, tem cerca de 2 mil empregados, aos quais está pagando este ano 8,5 salários como participação nos lucros – ou seja, 21,5 salários em 2013 para todo o seu pessoal, da escavação da mina à direção geral. O menor salário na companhia é de R$ 2.950. Do lucro líquido, 25% vão para os cofres de e Minas Gerais – são cerca de R$ 750 milhões que o Estado embolsa este ano. Os impostos federais somam R$ 800 milhões.

As instalações estão em Araxá, onde um complexo industrial em fase de expansão recebe o minério em esteiras mecânicas e embala o ferro-nióbio para os clientes. “Daqui não sai um grão de minério, mas só o nióbio”, informa Carneiro, apontando o produto industrializado, que deixa Araxá em cilindros, sacas e latões. São mais de 400 clientes, de 60 países, incluindo o Brasil. A CBMM despacha 70 toneladas por dia, em comboios de seis a oito caminhões, que viajam com escolta armada. As exportações são feitas pelo porto do Rio. Já houve roubo de carga, supostamente desviada por encomenda.

O nióbio tem endereço certo: 90% dele vão para o aço, com o qual é misturado na proporção de 400 gramas por tonelada. Os carros, estruturas e gasodutos fabricados com essa mescla ficam mais leves e resistentes. O metal é empregado ainda em muitos outros produtos, como turbinas de aviões e turbinas estacionárias, lentes óticas, relógios e tomógrafos. O ferro-nióbio é vendido a US$ 41 o quilo.

A companhia de Araxá tem reserva estimada de 829 milhões de toneladas, de acordo com as prospecções de 2000, quando mais 300 furos se somaram aos 71 feitos até então na mina a céu aberto, que tem diâmetro de 4,5 quilômetros quadrados. Na base da mineração atual, de 70 mil toneladas/ano – 65% de ferro-nióbio e 5% de outros produtos, incluindo 200 toneladas de nióbio metálico – a reserva deve durar de 150 a 200 anos. O prazo de concessão, por tempo indeterminado, não será alterado pelo novo Código de Mineração, de acordo com o projeto de lei do Planalto. Só o Brasil explora e comercializa o nióbio em tamanha quantidade (o Canadá tem produção mínima) e com bom domínio da tecnologia.

“O nióbio não é raro, pois existem 300 jazidas semelhantes às de Araxá em vários países, entre eles Gabão, Rússia e Austrália, além do Canadá”, diz Carneiro. A vantagem do Brasil e da CBMM é o domínio de uma tecnologia avançada para produzir o metal e outros elementos agregados. As reservas russas ficam na Sibéria, onde a dificuldade da exploração no inverno exigiria a transferência do minério para usinas distantes. Os Estados Unidos, que têm reservas no Nebraska, não produzem nióbio e importam 10 mil toneladas da CBMM por ano.

A China, que produz 700 milhões de toneladas, do total de 1,4 bilhão de toneladas do aço do mundo, interessou-se pela compra de 15% das ações da CBMM para garantir o abastecimento de nióbio. Quanto ao consórcio nipo-coreano, que também comprou 15% das ações, o interesse foi pela tecnologia. É possível que os Estados Unidos, a China e países europeus desenvolvam a tecnologia ou busquem alternativas para o nióbio nos próximos anos, criando concorrência para as empresas brasileiras.

“Estamos investindo R$ 1 bilhão na expansão de Araxá, para aumentar nossa capacidade de produção, de 90 mil para 150 mil toneladas, até 2015”, informa Carneiro, acrescentando que a preocupação é não deixar faltar nióbio no mercado. Como existe potencial, a CBMM continua lutando pelo mercado, sempre tentando convencer os produtores de aço a usar o metal. “Não existe siderúrgica no mundo que não conheça a gente”, garante.

3. Nióbio é tema de discussão no Congresso

04 de novembro de 2013

José Maria Mayrink – O Estado de S.Paulo

O deputado Edio Lopes (PMDB-RR) cobrou, em audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, na quarta-feira passada, uma política definida do governo para a exploração e comercialização do nióbio no Brasil. Ele questionou a política de preço para o metal, alegando que o nióbio tem uma cotação aviltada, em comparação com o aço e o ouro.

“Não vou culpar as empresas brasileiras, cujo objetivo é o lucro, e só tenho elogios para a alta tecnologia da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, mas não posso admitir que o País tenha só duas ou três exploradoras de nióbio”, disse o deputado. Ele acusou a CBMM de aviltar os preços, por meio de suas subsidiárias no exterior. “A CBMM vende para ela mesma e baixa os preços”, disse ao Estado.

O presidente da companhia, Tadeu Carneiro, que compareceu à audiência, negou que a cotação do nióbio tenha despencado, a partir de 2009, como afirmou o deputado. “Ao contrário, o preço do nióbio, vendido a US$ 41 o quilo, mantém-se estável”, observou. Carneiro disse que Lopes está equivocado, ao afirmar que o nióbio é cotado a US$ 27 o quilo. O deputado propõe que o metal seja negociado na Bolsa de Valores.

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Mandela, foi antes de tudo, um Revolucionário!

Mandela foi, antes de tudo, um revolucionário.

Mandela_euaMilitante comunista do Congresso Nacional Africano e líder do seu povo contra a segunda ditadura mais racista da História, superada apenas pela Alemanha Nazista, ele é, também, uma personalidade universal, o herói de todo o gênero humano, o homem que extrapola todos os limites, pertence a todas as raças, todos os credos, todas as nacionalidades, o maior vulto da humanidade no Século XX.

por Almir Aguiar 

É justamente por causa da sua dimensão de líder humanista mundial que podemos observar porque, em poucas horas, após a sua morte, durante esta Semana dos Direitos Humanos, inicia-se uma insidiosa e criminosa apropriação indevida do nosso herói, pelos círculos mais conservadores e reacionários. Querem que sua imagem passe a ser a do pacificador, do conciliador, e não mais a do líder revolucionário e popular que libertou a África do Sul da vergonhosa segregação racial imposta aos negros, em sua própria pátria, durante décadas, pelos ocupantes europeus brancos.

A mídia capitalista esforça-se para impor ao mundo a visão mentirosa do estadista que compreendeu que seu país teria muito a perder com uma atroz guerra civil, e que a via pacífica seria a melhor opção. Esforça-se a direita em passar a imagem do “homem superior”, que soube reconciliar e perdoar para vencer a luta . Mas Mandela foi, é, e nunca deixou de ser o revolucionário comprometido com as massas espoliadas, aquele que jamais perdeu sua formação marxista, não traiu seus ideais, nem se bandeou para a trincheira inimiga, conforme tantos líderes têm feito nos últimos tempos. Mandela jamais negociou enquanto esteve preso.

Mandela_comunista

Os conservadores percebem como perigo que um líder como Mandela possa ser patrimônio ideológico da humanidade e, por isso, querem pintá-lo com as cores brandas que descaracterizam o verdadeiro revolucionário. Assim, tentam transformar o herói da raça mais explorada da Terra em astro hollywoodiano que vai perdendo, com o trabalho da mídia burguesa, o seu conteúdo de rebeldia, esvaziando a sua imagem forte do líder que não cedia à força bruta dos governantes racistas.

A luta de Mandela foi repleta de sofrimento e de violência. Preso por vinte e sete anos, manteve a luta armada do Congresso Nacional Africano e não se dobrou diante de ninguém. Foi assim que Mandela respondeu ao regime racista, que homens presos não podem negociar. E por não ter cedido, fez a tirania racista dobrar-se e ceder, por absoluta ausência de opção.

O fim do apartheid está muito longe de ter sido uma conquista pacífica, pois nesta luta morreram dezenas de milhares de rebeldes e de inocentes. Somente após o regime racista se curvar, é que Mandela iniciou o processo altruísta de reconciliação e da convivência pacífica de negros e brancos.

Para nós, trabalhadores e sindicalistas, é muito importante termos a consciência bem nítida de que Mandela foi um homem das massas, um revolucionário que lutou e se sacrificou no cárcere pelos direitos dos miseráveis, dos oprimidos e dos que vivem do próprio trabalho. Mandela era comunista e tenho certeza de que não gostaria de ser lembrado de maneira diferente, como um mero pacificador, nem gostaria de ser apropriado por esta minoria que, ao longo de toda a História, sempre usou a força bruta e a malícia para manter seus privilégios de classe, em detrimento da humanidade trabalhadora que promove o progresso e sustenta os luxos das elites conservadoras.

Não podemos nos esquecer de que muitas dessas vozes que agora elogiam Mandela sempre estiveram a serviço dos seus algozes durante a tirania. Trabalhadores, ergamos nossas bandeiras de luta, Mandela vive! Viva a classe trabalhadora!

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Ministro Cardozo fala sobre a investigação da PF

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Carta à Dilma contra o leilão de xisto

Leitura relacionada:

Gás de xisto insanidade e contaminação da nossa água

FrackingNãoBrasil

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Brasília, 25 de novembro de 2013.

Carta aberta à Excelentíssima Senhora

Presidenta DILMA VANA ROUSSEFF

Excelentíssima Senhora Presidenta

As organizações técnicas e profissionais que subscrevem essa carta solicitam que seja imediatamente retirado do Edital da 12ª. Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a exploração e a explotação de gás de xisto.

A tecnologia atualmente utilizada para a explotação – a fratura hidráulica – tem sido proibida em diversos países onde foram considerados patentes e indiscutíveis os riscos de danos às águas subterrâneas e superficiais. No Brasil, a explotação de gás de xisto, prevista no referido edital, acarretará sérios riscos de contaminação dos aquíferos e pode comprometer os usos humanos nas bacias do rio São Francisco, no Recôncavo Baiano e regiões costeiras de Alagoas e Sergipe, e em regiões do Paraná, Parecis, Paranaíba e Acre-Madre de Dios.

Ademais, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e pela Academia Brasileira de Ciências encaminhou carta à Presidenta, em 5 de agosto último, na qual destaca graves fragilidades técnicas no processo em andamento, tais como:

I.            a carência de conhecimento sobre as características petrográficas, estruturais e geomecânicas das rochas consideradas para o cálculo das reservas, o que poderá influir decisivamente na economicidade da explotação;

II.            o desconhecimento dos impactos negativos da técnica de fratura hidráulica, com a injeção de água e substâncias químicas no subsolo, podendo ocasionar vazamentos e contaminação de aquíferos de água doce fundamentais para o abastecimento de boa parte das cidades brasileiras;

III.            os grandes volumes de água necessários ao processo de extração, e que retornam à superfície, poluídos por hidrocarbonetos e por outros compostos e metais presentes na rocha e pelos próprios aditivos químicos utilizados, exigem caríssimas técnicas de purificação e de descarte dos resíduos finais, podendo comprometer as águas superficiais necessárias ao abastecimento humano e outros importantes usos econômicos;

IV.            o potencial risco de contaminação das águas do Aquífero Guarani, a maior fonte de água doce de ótima qualidade da América do Sul, que deve ser gerenciada de forma compartilhada pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

Tais riscos avultam já que, preliminarmente ao citado leilão, não foram realizadas as seguintes ações:

I.            a definição de regras, limites e requisitos mínimos para a atividade de exploração, desenvolvimento e produção de reservatórios de gás não convencional no Brasil, por meio da técnica de fraturamento hidráulico, por parte de Resolução específica da ANP;

II.            a elaboração das Avaliações Ambientais de Área Sedimentar, instrumento que deve preceder a contratação de atividades de exploração e explotação de petróleo e gás natural; nos termos da Portaria Interministerial MMA/MME Nº198, de 5/04/2012

III.            a compatibilização nos Planos de Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas entre o uso da água para a referida explotação com os demais usos, conforme estabelece Política  Nacional para as nossas águas (Lei 9.433, de 08/01/97).

É indispensável, preliminarmente, conhecer, avaliar e minimizar os riscos ambientais, em especial os que se constituem em séria ameaça à qualidade das nossas águas subterrâneas e superficiais e que podem colocar em risco o abastecimento de água de populações urbanas e rurais e a disponibilidade de água para as atividades agropecuárias.

Assim, além da retirada da exploração e da explotação de gás de xisto do Edital da 12ª Rodada de Licitações da ANP, as entidades subscritoras sugerem à Presidenta da República que determine ao Ministério de Minas e Energia, ao Conselho Nacional de Políticas Energéticas, à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, ao Ministério da Ciência e Tecnologia e suas instituições de ciência e tecnologia, ao Ministério do Meio Ambiente, à Agência Nacional de Águas, que promovam a realização de programa de estudos que ofereça melhor conhecimento, tanto sobre as propriedades das jazidas e das condições de sua exploração, quanto dos impactos ambientais associados.

Atenciosamente

Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) Dante Ragazzi Pauli, Presidente Nacional

Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (ASSEMAE) Silvio Marques, Presidente Nacional

Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (AESBE) José Carlos Barbosa, Diretor Presidente

Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (ABCON) Paulo Roberto de Oliveira, Presidente

Associação de Servidores da Agência Nacional de Águas (ASAGUAS) Helvécio Mafra, Presidente

Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET) Sílvio Sinedino, Presidente

Clube de Engenharia – Francis Bogossian, Presidente

Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) Anivaldo de Miranda Pinto, Presidente

Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) Franklin Moreira Gonçalves, Presidente

Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (FISENGE) Carlos Roberto Bittencourt, Presidente

Federação Única dos Petroleiros (FUP) João Antônio de Morais, Coordenador Geral

Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas – Affonso Henrique de Albuquerque Junior, Coordenador Geral

Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) Gilberto Carlos Cervinski, membro da Coordenação Nacional

Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo – Itamar Sanchez, Coordenador

Fonte: AEPET

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Gás de xisto insanidade e contaminação de nossa água!

Não precisamos da exploração do gás de xisto em nosso país, nossa água é nossa saúde.

De que adiantará tantos cuidados com a saúde do brasileiro se vamos destruí-la em minutos?  ANP a serviço das multinacionais e de seus interesses.

http://frackingnaobrasil.blogspot.com.br/2013/11/copel-desconsidera-riscos-ambientais-e.html Siga o blog e se informe sobre o gás de xisto e o golpe da ANP, braço dos EUA no Brasil. Os mesmos de 2001 voltaram!

http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/terra-em-transe/gas-de-xisto-revolucao-ou-insanidade

Yoko Ono protesta contra o gás de xisto

trailer do documentário Gasland

 

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ABI repudia ilegalidades da Justiça

ABI repudia ilegalidades da Justiça

Complexo Penitenciário da Papuda - DF (Imagem: Reprodução)Complexo Penitenciário da Papuda – DF (Imagem: Reprodução)

“A diretoria da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da entidade manifestam repúdio à atitude do Supremo Tribunal Federal(STF),  instância máxima da Justiça brasileira, pela ilegalidade cometida por ocasião da prisão de condenados da Ação Penal 470. Eles deveriam cumprir a pena, logo que se apresentaram à Polícia Federal, em regime prisional semiaberto, mas foram mantidos em regime fechado por pelo menos dois dias.

O plenário do STF, ao decidir pelos Embargos Infringentes quanto ao crime de formação de quadrilha, cujo julgamento se dará apenas em 2014, a prisão em regime fechado, mesmo por um curto lapso temporal, daqueles que aguardam um novo julgamento, como ocorreu, representa uma ilegalidade inaceitável, mormente praticada pela mais alta Corte do País.

ansferência de presos, todos primários com residência fixa, que se apresentaram espontaneamente, para o presídio da Papuda, em Brasília, e ali foram encarcerados em regime fechado, denota uma ação de caráter subjetivo que tangencia as garantias constitucionais e põe em risco o Estado Democrático de Direito.

O entendimento dominante dos Tribunais brasileiros é que tratando-se de réus primários, mesmo persistindo algumas circunstâncias judiciais desfavoráveis, revela-se razoável estabelecer o regime semiaberto para o início do cumprimento da pena.

A ilegalidade, prejudicial ao processo democrático, não se limitou aos tópicos mencionados. Outra ilegalidade cometida pela Justiça foi colocar os réus condenados em regime semiaberto na penitenciária da Papuda, em Brasília, quando a Lei de Execuções Penais dispõe que o condenado, tão logo passe a cumprir a pena imposta, deve ser colocado em sistema prisional na área de sua residência permanente. E com o direito de voltar à prisão, em horário determinado pelo Juiz que ordena a execução da pena.

A transferência imediata dos réus para Brasília, sem qualquer justificativa fundamentada, assustou membros da própria Corte como o Ministro Marco Aurélio Mello que criticou a decisão do Ministro Joaquim Barbosa, que descumpriu norma contida no artigo 103 da Lei 7.210 de 11 de julho de 1984, lei de Execução Penal, que prevê a permanência do preso em local próximo ao seu meio social e familiar.

A ABI considera extremamente grave a postura da instância máxima da Justiça brasileira, que deveria servir de exemplo para demais fóruns judiciais. Tais fatos, vale sempre repetir, depõem contra o processo democrático.

Silenciar diante de tamanhas irregularidades é de alguma forma compactuar com a subversão jurídica.

Fichel Davit Chagel – Preidente da ABI(interino)

Mário Augusto Jakobskind – presidente da Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da ABI.”

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Gênese da ditadura – Golpe dos empresários

“Descobri que a minha arma é o que a memória guarda dos tempos da Panair”

CNV_Starling_Genese_ditadura

Grata pelas informações >>  @baraodiario e @Jprcampos

CNV -Heloisa Starling  inicia sua palestra fazendo referência ao livro de René Dreyffuss 

1964 – A Conquista do Estado (1981 Ed. Vozes)

Comenta:

“Em 19/03/1964 acontece a primeira Marcha da Família com Deus pela Liberdade que teria entre 500 e 800 mil pessoas (há discordância entre os historiadores) e ocorre >> em São Paulo como uma resposta ao Comício da Central do Brasil no >> Rio de Janeiro.

Entre 19/03 e 08/06 ocorreram 50 marchas, sendo que aconteciam simultaneamente em cidades tão diferentes como Londrina, Campos, Barbacena, Niterói, São Carlos, em outro momento em Dois Córregos, Periqui, (outra que não consegui entender), e também nas capitais: Goiânia, Belo Horizonte, Maceió, Rio de Janeiro, Recife, Brasília e Teresina.”

Em maio de 1959 foi criado o IBAD – Instituto Brasileiro de Ação Democrática  – organização anticomunista por Ivan Hasslocher  ( e aqui comenta sobre PC Farias), que também criou a agência de propaganda Incrementadora de Vendas Promotion  e o ADEP para compartilhar do governo político e moldar a opinião pública. Comprou vários deputados:

“…selecionou e apoiou cerca de 250 candidatos a deputado federal, 600 deputados estaduais, 8 candidatos a governadores e inúmeros candidatos ao senado. Um candidato federal recebia CR$ 1 milhão e 600 mil, um deputado estadual CR$ 800 mil. O grupo ADEP/IBADE/Promotion gastou 1 bilhão e 40 milhões de cruzeiros, nos 150 dias que antecederam as eleições de 1962. Consta no livro de Eloy Dutra que o dinheiro vinha do The Royal Bank of Canadá, e a Promotion tinha conta no Bank of Boston e no The National City Bank of New York.”

Livro: ”IBAD – A Sigla da Corrupção de Eloy Dutra (PTB)

Em 29/11/1961 fundam o IPES – Instituto de Pesquisas e Estudos Sociaisbraço da CIA – dirigido por Golbery do Couto e Silva. Foi extinto por ordem judicial em 1963. Fundadores do IPES: Augusto Trajano de Azevedo Antunes (ligado à COEMI), Antonio Gallotti (ligado à Light).

IPES teve de capital inicial U$500 mil (EUA) financiava para instalar o capitalismo através de uma ditadura militar. Também recebia doações de entidades filantrópicas de senhoras cristãs de orientação conservadora que colaboravam com dinheiro em espécie, jóias e trabalho voluntário.

Alguns dos empresários que faziam parte de ambas:

Glycon de Paiva, Paulo Ayres Filho, Gilbert Huber Jr.

IPES/IBAD estimularam a formação de organizações de grupos paramilitares de direita.

1962 – ADELA Atlantic Community Development Group for  Latin America – grupo bilionário encabeçado por Rockefeller e Fiat. Reunia cerca de 240 companhias industriais e bancárias.

Rockefeller veio ao Brasil, pela primeira vez em 1948 …conheceu Walter Moreira Salles. (Deve ter sido por acaso!!) Hoje a filha de Rockefeller, Peggy que fala português fluente e participa de uma ONG numa favela do Rio de Janeiro.

Vejam o cinismo, desta criatura na entrevista concedida à VEJA em 25/11/2006. A propósito ele tem uma fazenda de agricultura orgânica, porém … Monsato para todos!

  Gênese da Ditadura – 1964 entidades de classe e líderes empresariais, caracterizando que o golpe não foi apenas militar mas Civil-empresarial.

A política econômica do governo do General Castelo Branco pautou-se por um programa favorável aos interesses empresariais, desde que associados os investidores internacionais.

  • Arrocho econômico para conter a procura
  • Lei de greve – para sinalizar um panorama favorável aos investidores
  • Incentivo às exportações por meio da desvalorização do cruzeiro em relação ao dólar
  • Estímulo ao capital de risco para atrair os investidores internacionais

Ministro Roberto Campos: “somente um presidente eleito por via indireta teria condição de levar a cabo um programa econômico e financeiro” – que ele e seus comparsas pretendiam para o país.

O projeto de reorganização do estado, que foi imposta pelo golpe-civil-militar de 64, construiu a estrutura de sustentação deste regime, a partir de cinco grandes blocos:

  • Arcabouço jurídico
  • Poder econômico
  • Campanhas de propaganda política e de legitimação
  • Aparato de repressão policial e militar
  • Censura

Starling: “Alguns nomes que participaram, diretamente, da fase conspiratória e da elaboração de um projeto de reorganização do Estado, sublinhando a face civil do Golpe de 64. Esta é uma lista muito pequena dos que participaram da Gênese da ditadura”. –

  • Centro das Indústrias do Estado de São Paulo
  • Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
  • Associação Comercial do Estado de São Paulo
  • Conselho das Classes Produtoras
  • Clube de Lojistas do Rio de Janeiro
  • Associação Comercial do Rio de Janeiro
  • Serviço Social d Indústria

Empresários:

  • Augusto Trajano Azevedo Antunes > >>>KM – Cia Auxiliar de Empresas de Mineração e associado à Hannah Corporation (Minas Águas Claras) apoiada por Bulhões e Roberto Campos.
  • Celso Mello Azevedo > >>> Centrais Elétricas de MG
  • Álvaro Borges > >>>  Moinhos Rio Grandenses
  • Harry (… ) >>>>  Grupo Gerdau ( eu pesquisei mas não encontrei referência, somente os três irmãos Germano, Klaus e Jorge Gerdau. A empresa cresceu muito no período pré e pós golpe, encampando outras Brasil afora, a exemplo de Rockefeller, JPMorgan, Carnegie e outros nos EUA).
  • Henrique de Botton e Hélio Beltrão >>> > Grupo Mesbla, faliu em 1999 deixando dívidas – pai da jornalista Maria Beltrão da Globo News. Ele foi Ministro do Planejamento de Costa e Silva em 1967; foi um dos signatários do AI-5 em 1968; presidente da Petrobrás em 1985/86, (Gov. Sarney) e se tornou acionista do Grupo Ultra de Ernesto Igel, austríaco, a mesma empresa em que Boilesen era presidente.
  • Felipe Arno >>>> Arno Indústria e Comércio
  • Boilesen  >>>>> Ultragaz de Ernesto Igel que hoje tem como acionista-herdeiro Helio Beltrão Filho.
  • Otávio Gouveia Bulhões >>>>> Hannah Corporation foi Ministro da Fazenda após o golpe, passou a fazer parte do conselho editorial da Revista Visão, que havia passado para as mãos de Said Farah por ordem dos ditadores. Dez anos depois Said se tornaria o Secretário das Comunicações do presidente Figueiredo. Já Otávio G. de Bulhões tinha as costas quentes com a USAID  (mais ou menos a apartir do 64º parágrafo) que fazia o meio de campo para favorecê-lo  – homem acima de qualquer suspeita – num dos grandes escândalos deste país.
  • Salim Chamma >>>> Grupo Chamma

 

  • Jonas Barcelos Correia >>>>> Banco Real de Crédito de Minas Gerais

 

  • Otávio Marcondes Ferraz >>>> Rhodia, Valisére, Carbono Lorena

 

  • Paulo Ferraz >>>> Estaleiro Mauá

 

  • Otávio Frias >>>> Folha de São Paulo

 

  • Antonio Gallotti >>>> Light e Brascam

 

  • Flávio Galvão >>>> Jornal Estado de São Paulo

 

  • Paulo Galvão >>>  Banco Mercantil de São Paulo

 

  • Antonio Mourão Guimarães >>>> Magnesita

 

  • Lucas Garcez >>>> Eternit do Brasil – amianto e cimento

 

  • Gilberto Hubert >>>> Listas Telefônicas Brasileiras

 

  • Israel Klabin >>>> indústria Klabin – celulose

 

  • José Lins Magalhães Lins >>>> Banco Nacional de Minas Gerais

 

  • Mario Ludolf  >>>> Cerâmica Brasileira

 

  • Mário Henrique Simonsen >>>> Banco Bozzano Simonsen

 

  • Haroldo Junqueira >>>> Açúcar União

 

  • Cândido Guinle de Paula Machado >>>> Docas de Santos e Banco Boa Vista

 

  • José Hermínio de Morais >>>> Grupo Votorantim

 

  • Luiz Villares >>>> Aços Villares

 

 

Heloisa Starling diz: que ainda permanecem uma desconcertante ausência de pesquisa e um incômodo silêncio, que precisam ser vistos, com relação ao papel dos empresários na Gênese da ditadura:

  1. 1.      Apoio, participação e financiamento da uma estrutura repressiva, que era muito ampla, destinada a materializar o poder de estado e a funcionar como ferramenta de salvaguarda do poder. Desses empresários que estavam na Gênese do golpe, quais continuaram a sustentar a estrutura de repressão do Estado? Em outras palavras, falta revelar ao Brasil, na luz do dia, o nome das lideranças e dos grupos empresariais que participaram da construção de uma ditadura que definiu a tortura como política de Estado.
  2. 2.      Como foram as complexas relações que se estabeleceram, no regime de conivência, entre militares e empresários, e que compôs a lista dos grandes escândalos de ladroagem da ditadura. Falta explicar o que ocorreu, por exemplo, entre vários outros episódios que ficaram célebres, como o escândalo do Instituto Brasileiro do Café, Caso Delfim, projeto Jari, construção da ponte Rio-Niteroi, construção da Transamazônica, Operação CAPEMI…
  3. 3.      O que aconteceu com os empresários, que sob diferentes aspectos, ficaram de fora do projeto de reorganização do novo Estado. As razões foram muitas. Alguns empresários ficaram de fora, porque não conseguiram se adequar aos parâmetros para as reformas econômicas que foram implantadas neste país, entre 1964-67 – neste plano de ação econômica do governo, plano esse que foi particularmente perverso para o empresariado brasileiro, porque permitiu que companhias multinacionais utilizassem suas subsidiárias no Brasil comprassem a preço de banana as empresas brasileiras estranguladas pelas restrições de crédito que foram impostas pelo governo.

Outras ficaram de fora por conseqüência da clara assimetria de poder entre empresas brasileiras e estímulo do capital externo. Mas nós vamos contar nos dedos, porém, os empresários que foram escorraçados porque não se reconheceram na Gênese da ditadura militar ou com ela não desejaram se identificar. 

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CIA faz devassa em busca do mapa do subsolo brasileiro

A notícia de que a CIA realizou uma verdadeira devassa no Ministério das Minas e Energia, agora num mutirão com o serviço secreto canadense, confirma uma tradição. A agencia é um labrador dos interesses norte-americanos em busca do mapa da mina brasileira –no caso, mais literal que metafórico.

Fonte:  Blog Geo direito

Um livro de mil páginas lançado no Brasil em 1998, “Seja Feita a Vossa Vontade”, dos jornalistas americanos Gerard Colby e Charlotte Dennett , detalha, sem muita repercussão então, a abrangência, os métodos e a intensidade das violações cometidas pelos EUA para avaliar e controlar recursos do subsolo brasileiro.

O livro foi lançado num momento sensível, digamos assim, o que talvez explique sua repercussão contida na emissão conservadora.

Um ano antes, o governo FHC havia privatizado a Vale do Rio Doce, o primeiro e um dos mais polêmicos episódios de uma série.

O valor da venda, em torno de R$ 3,3 bi então, seria superado, com folga, pelo lucro anual de uma das maiores mineradoras e detentoras de jazidas do planeta.

Em “Seja Feita a Vossa Vontade”, Colby e Charlotte não tratam da Vale. Mas mostram o entrelaçamento entre a cobiça privada de Nelson Rockefeller e os serviços de espionagem dos EUA na rapinagem das riquezas minerais do país.

Nessas investidas , Rockefeller e a CIA não hesitariam em recorrer a missionários para dominar áreas indígenas , bem como agir para derrubar governos que colocassem obstáculos às suas operações e negócios.

Os golpes, de 1954, contra Getúlio, frustrado pelo seu suicídio, e aquele contra Jango, dez anos mais tarde, segundo os jornalistas, tiveram o dedo de Rockefeller diretamente.

As denúncias atuais, baseadas em informações vazadas por Edward Snowden, que vem se somar às já veiculadas tendo como alvo a Petrobrás, mostram uma grau de ousadia ímpar.

A desfaçatez, no caso do pente fino nas Minas e Energia, pode estar associada à pressa em obter informações estratégicas, antes da votação do novo Código Mineral proposto pelo governo.

Ademais de elevar alíquotas de royalties, o projeto em negociação no Congresso, transfere a uma estatal o gerenciamento público da pesquisa no país.

Hoje vale a lei do velho oeste: quem chegar primeiro, registra e tem o direito de lavra. E pode dormir sobre uma reserva de mercado à espera de valorização das cotações, frequentemente em detrimento das urgências do país. Como aconteceu durante anos com minas de fosfato detidas pela iniciativa privada.

Talvez a devassa da CIA e dos canadenses tenha exatamente o objetivo de abastecer os congêneres atuais de Rockefeller com o máximo de informações possíveis para obtenção de registros. Antes de vigorar a nova lei.

Em 2000, Colby e Charlotte concederam uma entrevista a Kátia Melo, da ISTOÉ, sobre suas investigações. Alguns trechos, abaixo, revelam a extensão dos interesses por trás de uma ação da CIA:

Colby – Como presidente do Grupo Especial do Conselho Nacional de Segurança, (Nelson Rockefeller) conhecia todos os segredos da CIA e suas atividades, incluindo tentativas de assassinatos, experimentos de controle da mente, envolvimentos em golpes.

Charlotte – Se você quer ter recursos naturais e expandir seus negócios, precisa do serviço de inteligência. Precisa saber com quem está lidando e quais são os obstáculos que irá enfrentar. E fica claro no livro que Rockefeller obteve um considerável avanço em seus negócios depois de conseguir essas informações como coordenador das políticas interamericanas.

Colby – Em cada país, incluindo o Brasil, Rockefeller instaurou um conselho local administrativo formado por empresários dos países latinos e empresários americanos que nesses países residiam. Eram essas pessoas que passavam a ele informações sobre como atuar no país e como implementar seus programas. Mas o mais importante era como ganhar suporte dos governos para seus projetos. Esses contatos que ele fazia se estenderam para a área militar, como com o general Eurico Gaspar Dutra, que foi operacional no golpe de 1945 contra o presidente Getúlio Vargas. Quando assumia cargos públicos, Rockefeller estabelecia contatos que depois ele usava como empresário.

Colby – (…) a CIA ainda retém em seu poder a maior parte desses documentos. Nos papéis que conseguimos, descobrimos que os homens de Rockefeller no Brasil tinham entre 1964 e 1969 uma ligação direta com o Serviço Nacional de Informação (SNI).

Charlotte – Rockefeller estava sempre nos bastidores nos grandes momentos da política brasileira. Em 1945, no golpe que depôs Vargas, a pessoa-chave era Adolf Berle, o embaixador americano no Brasil e o protegido de Nelson Rockefeller. Depois veio o golpe de 1964 e lá estava ele agindo novamente.

Charlotte – Vargas e Jango foram os grandes obstáculos para Rockefeller realizar o que chamava de o “sonho brilhante”, o plano de desenvolvimento da Amazônia. Jango o incomodava muito porque denunciava os ricos na Amazônia, entre eles o coronel John Caldwell King, que mais tarde tornou-se o grande homem da CIA em toda a América Latina.

Colby – King também era o chefe da operação que mandava dinheiro dos EUA para o Brasil para financiar os projetos aos golpistas. A CIA também controlava as operações de financiamento para projetos no Nordeste. E a Corporação Internacional de Economia Básica (Ibec), comandada por Rockefeller no Brasil, também foi acusada de distribuir dinheiro antes do golpe contra Jango (um relatório da CIA menciona em até US$ 20 milhões).

Inclusive foi a Ibec que escreveu as leis bancárias do Brasil para estabelecer linhas de crédito mais flexíveis a negociações para continuar com as operações na Amazônia, anunciada pelos generais brasileiros.

Charlotte – Ele (Rockefeller) acreditava que o desenvolvimento da Amazônia daria um novo respiro econômico aos EUA, assim como foi a colonização do Oeste americano.

Charlotte – Cheguei a ler memorandos de Rockefeller para seus assessores em 1963 que diziam que Kennedy não estava cooperando. E ele colocava Kennedy e João Goulart na lista das pessoas que eram obstáculos para seus objetivos. Kennedy morreu em novembro de 1963 e Goulart sofreu um golpe em março de 1964.

Charlotte – Simplesmente a proteção dos interesses americanos. E isso faz parte da História. As corporações americanas sempre quiseram estabilidade para seus investimentos. E por isso apóiam os governantes que se alinham com o pensamento americano. Caso saiam da linha, pagam as consequências.

Fonte: Carta Capital

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