Revolucionar com urgência o sistema de transportes!


Revolucionar com urgência o sistema de transportes!

por Iraê Sassi >> Chapa “Queremos de volta um PT de Lutas”

Recado aos petistas do DF 

Beth Carvalho apoia Beto Almeida para presidência do PT-DF 

Em defesa da população mais pobre do DF e Entorno!

A enésima detenção do “empresário” Canhedo, um dos principais responsáveis pelo tratamento de escravos aplicado ao povo nos transportes coletivos de Brasília, compondo com a máfia dos Amaral, Constantino, Matsunaga e outras, é emblemática de como a esquerda tem sido movido lentamente num processo que requereria a máxima urgência.

Urgência pela sensibilidade popular ao tema, ainda não resolvida: não se contam mais as revoltas populares contra uma situação de absoluto descaso: os quebra-quebra de ônibus que teimam em deixá-los pelo caminho na hora do trabalho ou da volta à casa já se tornaram rotina.

O governo de coalisão liderado pelo PT demonstrou eficiência em muitas coisas, mas moveu-se com uma lentidão exasperadora na questão dos transportes, uma das mais sentidas pela população trabalhadora. É preciso reconhecer todos os esforços feitos para livrar-se das máfias acima mencionadas, a retificação e retomada dos processos iniciados para construir os corredores e linhas expressas de ônibus, a tão proclamada e tortuosa licitação que renovou apenas parcialmente a frota e parte dos maus empresários, e que somente em um ano fará sentir os seus efeitos, como também a integração, a moralização do passe escolar e outras medidas.

Porém, a exasperante lentidão na implantação desses processos manteve a população da periferia e entorno de Brasília numa situação aberrante, inadmissível, de descaso (pela falta de providências imediatas), de exploração (pelos preços altos das tarifas e a falta da integração), desrespeito (pelo estado lastimável dos popularmente chamados “baús”) e marginalização (pela falta de mobilidade e acesso para a fruição do que é ofertado em termos de cultura e entretenimento no Plano Piloto, vedado aos que moram longe). Duas Brasílias coexistem, as do que têm carro e as do que não têm. Duas comunidades de costas umas para as outras, devido a um sistema de transportes não integrador, não facilitador, classista, sujo, digno de Casa Grande e Senzala e não de uma Capital Federal moderna e socialmente justa. A aberração é tão grande que um terreno privilegiado, previsto para ser terminal de ônibus no final Asa Norte, foi graciosamente “concedido” para se tornar um shopping e os ônibus jogados num terreno baldio, até hoje sem solução alguma, com o aplauso e beneplácito da vergonhosa Câmara Legislativa.

Três anos de governo progressista se passaram, e as mudanças no setor ainda são mínimas, são promessas de propaganda enganosa e sorridente na televisão, o que agrava a irritação da população, um verdadeiro tiro no pé. Urge tomar iniciativas, urge fazer um verdadeiro mutirão para que as coisas ocorram, corrigir o que esteve errado, inventar, criar novas soluções, mas atender à demanda imediata sem mais tardar. Isso não só é possível como necessário: assim procedeu a Presidente Dilma e seu governo ao disponibilizar imediatamente 50 bilhões para a mobilidade no país, dependendo dos projetos apresentados por prefeituras e governos estaduais. É hora de arregaçar as mangas!

É fundamental que o GT criado para discutir o passe livre não fique na teoria, a Capital da República pode sair na frente, com uma série de iniciativas de efeito e benefício imediato para a população.

Veículo Leve da Tortuosidade não, VLP rápido sim!

Se o VLT da W3, projeto que já nasceu torto e viciado, mas que o nosso governo insiste em ressuscitar e talvez realizar, ainda vai demorar, porque não fazer um simples corredor de ônibus de linhas circulares rápidas (sofisticadamente chamados de VLP, Veículo Leve sobre Pneus) na W3, aproveitando as faixas exclusivas já existentes, integradas nos terminais e conexões de linhas? Em lugar de dezenas de ônibus das mais variadas linhas, uma linha-tronco (preferivelmente da própria TCB) com ônibus articulados e ecológicos que alimentaria as periféricas de maneira ágil, conduzindo os passageiros hoje apinhados nas paradas aos terminais.

Apito do trem já!

A linha férrea urbana de Luziânia a Brasília poderia ser implementada imediatamente com litorinas e trens existentes e abandonados como parte do enorme patrimônio da ex-rede ferroviária federal privatizada criminosamente, que podem ser recuperadas, e alguns retoques de manutenção em algumas estações. A contratação de um “estudo de viabilidade” para a mesma, em curso, levará o projeto para depois das próximas eleições, na melhor das hipóteses. Será a enésima promessa eleitoreira, já feita em todas as eleições precedentes, e por todos os candidatos, sem credibilidade. Somente o apito do trem pode convencer a população do eixo sul, hoje massacrada nos engarrafamentos, que este é um governo realmente popular. Faz-se uma força-tarefa, fazem-se os acordos com a esfera federal, com o Governo de Goiás, com os atuais concessionários da ferrovia, e no giro de um mês o primeiro trem urbano está circulando! Posteriormente podem-se fazer modernizações, duplicação, eletrificação, novas estações e paradas, novos trens, mas o problema é imediato e inadiável!  O governo popular tem que dar um sinal forte: o apito do trem! Acelerar os acordos e estudos para a implantação da linha ferroviária Goiânia-Brasília, não esperar as eleições para contratar outro hipotético estudo para a linha Brasília-Formosa: a Capital da República não dispõe de nenhum órgão técnico capaz de queimar etapas para isso?

A ave Fênix e a ressurreição da TCB.

O GDF tomou há alguns meses uma medida inusitada e corajosa: decretou a intervenção no Grupo Amaral e colocou sob sua gestão a frota de Sobradinho e Planaltina. Entretanto, apesar das medidas emergenciais, diariamente ainda se veem os ônibus quebrados e a população abandonada no meio da estrada, como se nada tivesse acontecido.

Para resolver este problema definitivamente é preciso encarar e derrubar um tabu: porque o transporte deve necessariamente ser uma concessão ao setor privado, se é prerrogativa e prioridade do setor público? Porque tentar solucionar pelas vias tortas, quando o assunto é direto e imediato? A TCB pode ser revigorada, tal como a Ave Fênix, que ressurgiu das cinzas, e reestruturada, adquirir com os fundos federais disponibilizados centenas de ônibus modernos (e não “baús) e prestar serviços diretamente! Abrir o debate já, porque necessariamente uma administração deve ser incapaz? Não estamos falando de gestão compartilhada, de orçamento participativo, o que impede uma parceria com os sindicatos, o movimento pelo Passe Livre, as associações de moradores, a população em geral, para fazer um bom controle e gestão do transporte público? Qual é o mito ou a sina desgraçada de um povo que tem que depender de empresários predadores para a gestão de um direito humano tal como o transporte público de qualidade e digno? A ideologia neoliberal agoniza no mundo, mas custa a morrer no DF!

Nunca mais Cinderela

Tal como no conto de fadas, a população do DF e entorno tem uma vida de Cinderela, e talvez pior que ela, que podia ficar na rua até meia-noite: no DF quem não volta para casa ao sair do trabalho, dorme na rua! Não há transporte nos horários de necessidade da vida da população, somente nos momentos em que os veículos apinhados dão lucro. Essa é a inversão mais perversa da lógica do transporte público! Transporte é integrador social, permite a mobilidade, a fruição cultural, a vida social, deve facilitar o deslocamento, deve ser atraente, deve ser aliado do combate à concepção individualista do trânsito, à ditadura do automóvel. Não só isso: deve servir à população trabalhadora que tantos serviços prestam em bares, restaurantes, hotéis, mil profissões de horários noturnos. Para isso deve existir sempre, e não quando dá lucro: revolucionar já as tabelas horárias para que isto seja real, convidar os usuários a saírem de casa, com a certeza que encontrarão ônibus, trens e metrôs disponíveis na saída do cinema, da balada, do espetáculo público, como ocorre em todas as capitais civilizadas do mundo e do que o DF deveria ser o exemplo.

Lugar de zebra é na savana.

O transporte inter-quadras, popularmente chamado de “zebrinha” deveria ser condenado pela ONU por violar os direitos humanos: seu trajeto é desenhado para lucrar sem fim, dando voltas inúteis para recolher o máximo de passageiros; os ônibus não têm portas traseiras de saída para garantir que o “gado” não escape sem pagar, outra lógica isso não tem. Resultado: os passageiros, apinhados, disputam o entrar e sair pela mesma catraca, que, aliás, nem mais sentido faz na era do cartão recarregável e dos controles eletrônicos. Menos ainda se se realiza o passe livre para todos, dispensando este custo inútil. É preciso revolucionar este tipo de transporte para que ele seja realmente alimentador das linhas principais e não linha circular extremamente lucrativa, chegando, não se sabe qual a razão, até o aeroporto! A atual licitação dos transportes passou longe deste problema: Brasília ainda não tem um estudo decente, correspondente à sua própria peculiaridade urbanística e sistema viário, e às mudanças ocorridas em sua população desde os anos 60, que ataque o problema da circulação interna e da acessibilidade ao transporte público. Onde está o GDF, onde está a UnB? Não precisamos ir até Cingapura. O GDF pode tomar medidas imediatas, reestruturando estas linhas conforme as necessidades atuais da população, substituindo incômodas gaiolas listradas de zebra, oferecendo conforto e acessibilidade.

Mais mel para o enxame infinito.

O GDF continua a anunciar novos corredores para automóveis, como no caso do novo complexo viário Ceilândia-Taguatinga, e o delirante projeto para estacionamentos na Esplanada, entre outros. É como jogar mais mel para o enxame (de carros) se apinhar no Plano Piloto! Isso está na contramão da história, da viabilidade, do ambiente, do progresso, da mobilidade, da sociabilidade e de qualquer concepção racional para a solução do problema do transporte na cidade. Cultura persistente, embora interessada, pois dá muito lucro a construtores, vendedores de automóveis, à máfia da gasolina do DF (jamais vencida), revendedores de peças e outros. Falou-se tanto quando as praças estavam cheias de jovens indignados, mas a burocracia tudo quer sepultar: se o transporte é bom, de qualidade, pontual, suficiente, de boa cobertura e racionalidade, a preços que premiam a fidelidade e a alta frequência, melhor ainda se gratuito (leia-se a cargo da fiscalidade geral), é lógico que uma boa parte da população ainda ausente, notadamente a chamada classe média, aderirá ao sistema gradualmente, entendendo que transporte público é civilidade, é humanidade, é modernidade, e não distinção de classe. O custo desta operação, deste salto de qualidade, com certeza será inferior a todas as duplicações, viadutos, pontes, corredores de alta velocidade e outras obras para o transporte individual.

O metrô… a passo de tartaruga

O GDF anuncia ao som de trompas que “o metrô vai ser estendido”. Vai. Com uma estação mais na Asa Norte, com 1 km de via, duas em Ceilândia e 2,5 km de via, duas em Samambaia e 4 km de via. Ainda em fase de projeto, com licitações e outros detalhes, eventuais embargos, mais eleições pelo meio, e se tudo vai bem, as obras começam em 2015. Deveríamos ter vergonha da pequenez, da modéstia da ampliação, e do passo de tartaruga. Há estações ainda por completar no eixo sul (110, 106 e 104) e na Ceilândia (Onoyama e Estrada Parque). A extensão deveria, no mínimo, chegar ao fim da Asa Norte. Não há terrenos a expropriar (como nas outras grandes capitais), somente buracos a escavar.

O eixo leste-oeste sequer é projeto, é um sonho, ligando a Rodoferroviária à Esplanada e sua extensão até São Sebastião, um eixo de enorme expansão, cobrindo todo o Eixo Monumental, infernal gargalo para os motoristas, e livrando a Esplanada dos milhares de automóveis que poderiam ficar estacionados na Rodoferroviária, que se tornaria um terminal de conexão com a linha de trens urbanos de Luziâna, eventualmente ampliada ao eixo norte, até Formosa, mas outras linhas de ônibus norte-sul. Também no caso, expropriações zero, só obras de engenharia e autorizações ambientais e do IPHAN. O que impede um governo popular de ousar, logo na cidade-símbolo da audácia que foi a obra-prima de Juscelino?

Governo popular atende aos interesses populares. Mas não governa só.

Todas estas medidas emergenciais requerem um debate entre as forças progressistas, notadamente o PT que está vivendo o processo da PED, e se prepara para encarar novos embates eleitorais: o risco de perder o GDF é real, porque a insatisfação popular com os transportes é enorme. Os que atuam no governo pelo PT, entretanto, não podem prescindir da mobilização popular, e para isso têm que ter sensibilidade para o que a população sente como prioridade, e não pelo que dizem os assessores e tecnocratas. Mas é preciso destacar que, no setor de transportes, o Sindicato dos Rodoviários tem cumprido um papel no mínimo subalterno, quase invisível, salvo quando mobiliza a categoria por melhores salários. E aí a população não o entende nem se solidariza. O seu papel, na realidade, é muito maior que este, devendo se ocupar de questões estratégicas, que implicam depois nas condições reais de trabalho dos rodoviários, tanto no sentido negativo de submeterem-se aos acordos criminosos feitos no passado com a máfia dos transportes (como ter tolerado por anos a não renovação da frota e a circulação de ônibus pirata), quanto no sentido positivo e nobre de condicionar as novas licitações: o Ministério Público do Trabalho (e não o sindicato) tentou condicionar a compra dos novos veículos à existência de ar condicionado, motor traseiro e câmbio automático, mas foi derrotado. Estão chegando “baús” novinhos em folha, mas sempre “baús”, muito aquém da concepção de transportes modernos. O Sindicato dos Rodoviários, com a história que tem na cidade, deve estar à cabeça da luta por melhores condições de transporte para a população, e então neste contexto, por melhores condições de trabalho e salários dos rodoviários. A modernização dos transportes interessa a todos os trabalhadores, inclusive os do setor. O papel do Sindicato para dar um forte empurrão no GDF para esta revolução nos transportes é estratégico e fundamental, e para isso deve se preparar, convocar o debate, chamar os especialistas, envolver a categoria, propor medidas imediatas, e de médio e longo prazos!

1 de setembro de 2013

Sobre midiacrucis

Rompendo o apartheid-midiático. Buscando informações que o PIG omite, distorce, oculta...desinforma.
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