Dilma espanca jeitinho brasileiro de governar


Cesar Fonseca em 24/05/2013

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O jeitinho brasileiro de empurrar os problemas com a barriga, de ir fugindo para frente, em vez de enfrentá-los com determinação e garra, algo tão comum na vida política nacional, está sendo duramente espancado pelo presidenta Dilma Rousseff e suas duas principais assessoras, ministra Gleisi Hoffman, da Casa Civil, e Ideli Salvati, das Relações institucionais, encarregadas de operar dura relação com a classe política, que, como se sabe, é aquele angu de caroço, sempre jogando verde para colher maduro etc. A confiança entre os atores, a partir da superação do famoso jeitinho, removido pelas exigências de serem os assuntos tratados com o máximo de rigor técnico, como pressuposto para tocar decisões, tem que se dar em outra base, ou seja, na do conhecimento absoluto dos fatores indispensáveis às providências operacionais. Nada de enrolação. É isso que chateia os integrantes do time de Rolando Lero, levando-os, sempre, a espalhar as maledicências capazes de infernizar o andamento do governo sob comando de alguém que adquiriu casco duro nos embates decisivos.

O nacionalismo econômico e

político dilmista-lulista-petista

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O líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha, cutuca onça com vara curta. Seria ele o cérebro  favorável à instalação da CPI da Petrobrás, criando uma tensão com o Planalto, no momento em que a presidenta Dilma se prepara para comandar o maior leilão de venda de petróleo do mundo, na camada do pré-sal, cujos resultados poderão  levar o governo a obter recursos capazes de fechar suas contas fiscais nesse anos?

Os críticos da presidenta Dilma Rousseff de que ela não é lá essa gestora competentíssima que falam por ai, mas, sim, uma gerentona autoritária, que não gosta de ser contestada, justificam, sem maiores convicções, seus pontos de vista à visível contradição, ainda não superada, satisfatoriamente, de estar vivendo o Brasil a combinação intrigante de crescimento econômico baixo, inflação resistente  à queda  e pleno emprego, razão maior da popularidade presidencial.

Tendem eles a concluírem que esses resultados, aparentemente, conflitantes decorrem dessa falta de gerenciamento competente cujo resultado traduz-se em desconfiança dos empresários na política econômica em curso, indutora do investimento baixo, insuficiente, para produzir uma demanda compatível com a oferta de bens e serviços, de modo a assegurar comportamento equilibrado dos preços.

Machismo e reducionismo mecanicista evidenciam-se, claramente, nessa análise, como se depreende da excelente matéria dos repórteres Raymundo Costa, Mônica Scaramuzzo e Fernando Exman, no caderno cultural do Valor Econômico, nessa sexta feira, extraída de depoimentos em off de gente do governo e do setor privado, palpitando quanto as suas relações com a presidenta no dia a dia da governança nacional.

A mulher, realmente, é durona.

A vida dela como guerrilheira, no tempo da ditadura, conforme livro de Roberto Batista Amaral, “A vida quer é coragem”, Ed. Primeira Pessoa, 304 pgs, 2011, dotou-a de casco duro, em meio à sensibilidade feminina.

criou nova dialética

decorrente da aposta

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O ex-ministro Nelson Jobim, da Defesa, foi, duramente, defenestrado por Dilma por tentar manter uma independência que como integrante do governo não tinha, como a de dar declarações políticas incompatíveis com a direção política governamental, além de falar mal de colegas de ministério.Um destemperado que dançou feio.

Ter de opinar, na formulação de estratégias para produzir decisões políticas entre guerrilheiros, como Lamarca, a quem criticou, em face de escolhas a seguir, em meio às pressões, representou aprendizado brabo.

Depois da ditadura, ela levou essa experiência de vida, esse acervo todo, para a prática administrativa, onde passou a atuar, nas áreas municipais, estaduais e federais, até chegar ao topo, pelas mãos de Lula.

Teria ou não abandonado de todo a necessidade de administrar sob sigilo, segredo e código, para driblar os ditadores, enquanto agente guerrilheira, assim que o sol da liberdade voltou a brilhar sobre sua vida, determinando novo comportamento adequado às práticas democráticas?

Ou o cachimbo deixou a boca torta para sempre?

O enfrentamento dos desafios, do perigo quanto a sair viva ou morta diante das decisões tomadas, muitas das quais movidas mais por instinto de sobrevivência do que por racionalidade, conferiu, certamente, grande dose de autoconfiança, depois de resultados positivos alcançados, enquanto diante dos resultados negativos, a conclusão seria a de que, como disse o poeta, navegar é preciso, sem cuidar muito de dar satisfação aos que só sabem criticar etc.

no mercado interno por

meio da melhor distribuição

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Engraçadinho e puxa-saco inveterado, o ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi, achou que poderia exercitar liberdades excessivas com a titular do Planalto, além de tentar fazer jogo duplo para faturar no facilitário político da coalizão governamental. Também, dançou, embora sua influência, como comandante do PDT, ainda, continue expressiva.

A questão de fundo, além da problemática da personalidade característica de cada ser humano, homem ou mulher, é o fato de Dilma ser extremamente exigente na condução dos assuntos públicos nos quais exercita a sua consciência ética, para o bem ou para o mal, no ambiente do histórico machismo brasileiro.

Cobrar resultados, exigir cumprimento das determinações, valorizar ao extremo o ponto de vista individual, no embate coletivo, e impor dose de autoridade acima da média implicam alto preço a pagar.

Mais ainda em se tratando de mulher, que se cercou de mulheres, para governar no ambiente público no país onde a característica principal é o famoso jeitinho brasileiro de conduzir as coisas.

Quando dizem que Dilma espanca as leis, antes de assinar em baixo em suas decisões, para ver e sentir todas as dimensões e caracterizações que elas comportam, abrindo-se às interpretações variadas, o que ocorre, na verdade, é o espancamento desse famoso e abominável jeitinho nacional de fugir para frente diante dos problema a resolver.

Como não é do estilo dela a fuga para frente, indo, como autêntica guerrilheira, ao enfrentamento, o resultado é esse aí que se vê: incômodos gerais para os acomodados com o estilo de governar jamais experimentado no Brasil.

O estilo é a mulher.

da renda, que produz

a lógica segundo a qual

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Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, é uma das cabeças da nova administração dilmista, que exige rigor total nas formulações de governo, sintonizadas com a exigência radical da presidenta de dispor de todos os dados, em detalhes minuciosos, como pressupostos  fundamentais para tomada de decisões.

O que não dá para engolir é a tentativa machista, que vai se destacando cada vez mais em Aécio Neves, por exemplo, de querer vincular o estilo de gerenciar de Dilma com o crescimento baixo do PIB e com a inflação resistente à queda, como se fossem fatores concomitantes.

A inflação decorreria da defeituosa incompetência administrativa dilmista ou da virtude governamental dilmista de manter a alavancagem produtiva redistributiva de renda que elevou a massa de consumidores no Brasil, desequilibrando oferta e demanda globais, elevando, relativamente, os preços e, igualmente, impulsionando, por isso, investimentos em infraestrutura, que ganham novas velocidades?

Como, evidentemente, não há correspondência direta entre a exigência de curtíssimo prazo posta pelo aumento da demanda e a resposta de médio e longo prazo da oferta, que eleva gastos sem produzir receitas, na fase de maturação do investimento, a tensão inflacionária seria produto de incompetência gerencial ou de estímulo ao ganho capitalista, que requer temporária tensão altista de preços, como realização de lucro produzida por essa defasagem entre consumo e produção?

E esse ganho capitalista, no ambiente dos investimentos públicos, teria que ficar ao sabor do contratado, empresário, de modo a alcançar taxas internas de retorno (TIR) elevadas, ou do contratante, Estado, sob lógica público-privada, combinadas, sem maiores exorbitâncias?

Trabalhar nesse sentido seria elevar o grau de desconfiança na ação estatal, contribuindo para afastar investidores, como andam dizendo os tucanos, ou preservar o interesse do contribuinte, trabalhando no sentido de controlar a inflação?

Quanto à dicotomia visível entre PIB baixo, de um lado, e melhor distribuição da renda nacional, de outro, responsável por elevar o consumo interno e evitar que a economia brasileira se sucumbisse à bancarrota capitalista global, os estudiosos, certamente, terão a oportunidade de verificar que nas fases em que o PIB brasileiro registrou as mais altas taxas de crescimento, curiosamente, foram registradas, também, as mais altas taxas de concentração de renda.

Afinal, não vigorava a máxima de que primeiro era preciso fazer o bolo crescer para depois dividir, como, certa vez, teorizou Delfim Netto, na era da ditadura política?

Seria essa a expressão satisfatória do gerenciamento competente da economia nacional, quando uns, a minoria, se dão bem, enquanto outros, a maioria, se dão mal?

o ato de dar consumo

gera o ato de receber

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Durona como Ângela Merkel, mas em sentido contrário. Enquanto a líder alemã proclama a austeridade fiscal e monetária para vencer a crise capitalista global, Dilma entende que cercear o crescimento, impondo austeridade, a ferro e fogo, implica em aprofundar a crise, explodindo o sistema.

Os pregadores da necessidade de o governo ser eficiente, como o setor privado, precisariam ler Malthus, o maior economista de Cambridge, segundo Keynes.

Para Malthus, o excesso de eficiência do setor privado, dado pelo aumento da produtividade impulsionada pela ciência e tecnologia a serviço da produção, maximizando lucro e minimizando custos, requer, necessariamente, como fator de sobrevivência, o seu oposto, ou seja, a ineficiência relativa do setor publico, cuja meta é a minimização do lucro e a maximização dos custos (gastos).

Haveria, realmente, eficiência privada sem a ineficiência pública?

Opostos que se atraem e se repulsam, dialeticamente.

Querer, como reclamam os economistas neoliberais, funcionários dos banqueiros, que o governo seja eficiente como o setor privado, cortando gastos etc, é um contrassenso total, do ponto de vista do capital.

O papel do governo, nas crises, quando os investimentos caem, é, segundo Malthus, esse mesmo: gastar para gerar demanda sem aumentar a oferta.

Quem vai comprar máquinas novas para colocar no lugar das que estão paradas, quando a demanda cai?

Assim, diz Malthus, o papel da demanda governamental, no ambiente de desaceleração produtiva, é o de sustentar tensão relativa entre produção e consumo, capaz de elevar os preços e a lucratividade do setor privado, impossível de ser mantida se predominar o discurso neoliberal da eficiência, de um lado, e do estado mínimo, de outro, cujo resultado seria deflação, que destrói o capital.

Para além dos aspectos personalistas, nos quais Aécio está focalizando, para tentar destruir Dilma, enquanto, mostra, com essa estratégia, apenas, o seu machismo inconsequente, o que está em cena, substancialmente, é a colocação, em prática, pelo governo dilmista-lulista, da linha malthusiana-keynesiana de utilizar a ineficiência estatal para sustentar a eficiência privada, que não consegue sobreviver por si mesma.

imposto, que garante

recursos para investimentos e 

equilíbrio no crescimento

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Malthus, um gênio da economia, viveu sob ostracismo, no seu tempo, porque falou a verdade que ninguém queria ouvir: a eficiência do setor privado requer o seu oposto, ou seja, a ineficiência do setor público, para evitar que o capitalismo caia na deflação destruidora de capital.

O maior pecado de Malthus, que o levou ao ostracismo, pelos economistas clássicos, equilibristas, do século 19, foi falar, abertamente, a verdade, enquanto a maior virtude do seu discípulo Keynes, que o levou à fama exponencial, no século 20,  foi encobri-la com o manto da ideologia cínica inglesa, utilitarista, suprassumo do capitalismo, que, agora, na crise global, detonada em 2007-2008, deixa de ser útil, quanto mais os governos superendividados perdem a capacidade de gerar a demanda que salva o setor privado incapaz, sozinho, de gerar a oferta.

A saída é acabar com os governos ou renegociar/cancelar suas dívidas, para que iniciem novos processos de endividamentos?

A verdade, em economia, jamais pode ser dita.

Enfim, o diferencial de Dilma-Lula está sendo o de que seu malthusianismo-keynesianismo eleva relativamente demanda e oferta ao promover relativa valorização dos rendimentos dos salários e dos programas sociais, impedindo que o crescimento do PIB se faça mediante concentração de renda, enquanto se avança no pleno emprego.

Enquanto no keynesianismo-malthusianismo clássico, o pleno emprego é produto da máxima exploração do trabalho, sob desemprego involuntário, no malthusianismo-keynesianismo lulista-dilmista, o pleno emprego vai sendo alcançado com maior distribuição de renda, mesmo mediante PIB relativamente baixo, ao mesmo tempo em que avançam investimentos público-privados em infraestrutura, para equilibrar oferta e demanda, capaz de controlar a inflação, por um lado, e evitar a deflação, por outro.

O equilibrismo macroeconômico (fiscal e monetário) que os neoliberais pregam como fundamental na crise do capital, centrado no enxugamento dos gastos do governo, é uma fantasia delirante inalcançável.

Fonte: Independência Sulamericana

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